Hotel histórico com fama de mal-assombrado vai a leilão em Araxá

Frequentado por figuras como Santos Dumont e Getúlio Vargas, o Hotel Colombo carrega memórias da elite dos anos 1930 — e relatos de fantasmas. Prédio tombado tem lance inicial de R$ 2,6 milhões.

Hotel Colombo Araxá em 2015. Foto: Leandro Guimarães/Acervo IBGE

Com histórias que misturam passado político e lendas sobrenaturais, o Hotel Colombo, em Araxá, no Alto Paranaíba, será leiloado. Tombado como patrimônio histórico, o prédio, inaugurado em 1929 e fechado desde 2012, vai a leilão com lance mínimo de R$ 2,6 milhões — valor semelhante ao pago pela prefeitura da cidade quando adquiriu o imóvel há 13 anos.

Localizado no tradicional Parque do Barreiro, ponto turístico de Araxá, o hotel já hospedou a alta sociedade brasileira e nomes de peso da história nacional, como o aviador Santos Dumont e o ex-presidente Getúlio Vargas.

“Santos Dumont gostava de vir a Araxá e sempre ficava no mesmo quarto, que depois ganhou uma plaquinha com o nome dele”, conta a historiadora Raquel Costa Leão.

Getúlio também era presença frequente durante as obras do vizinho Grande Hotel, acompanhando de perto a transformação do local em destino de luxo.

Apesar da fachada ainda imponente, o que mais chama atenção hoje é uma árvore que cresce junto à entrada — o que simboliza o abandono do espaço. O prédio apresenta rachaduras visíveis, problemas estruturais e instalações desgastadas, como a piscina e a capela do complexo.

Mas o charme decadente do Colombo vai além da história oficial. O hotel carrega uma fama de mal-assombrado que intriga moradores e alimenta o imaginário da cidade.

“É assombrado. Eu tenho certeza”, afirma o aposentado Antônio Martins. “Uma vez entrei para verificar um problema de água e vi um homem sentado numa cadeira. Quando fui cumprimentar, ele desapareceu.”

O local já foi sede provisória da prefeitura e, mesmo fechado, continua despertando curiosidade. Quem arrematar o Hotel Colombo terá o desafio de restaurar sua estrutura mantendo a arquitetura original, conforme determina o tombamento — e talvez, também, conviver com os fantasmas da sua história.