Mineiro se recupera de câncer terminal após terapia genética
Ele é servidor público aposentado, mora em Belo Horizonte e é o primeiro paciente da América Latina a passar pelo procedimento desenvolvido por brasileiros.
Equipe médica ao lado de Vamberto no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Foto: Divulgação (HCFMRP)
Vamberto, um mineiro de 62 anos, foi o primeiro paciente da América Latina a ter regressão de um câncer terminal através da terapia genética. Ele foi submetido a um método 100% brasileiro que consiste na modificação genética das células de defesa. Os linfócitos T são alterados por um vírus e “programados” para destruir o tumor.
O paciente sofria de linfoma em fase terminal e tomava altas doses de morfina para conter a dor. Ele não conseguia andar e os médicos chegaram a dizer que sua expectativa de vida era de menos de um ano. Após o procedimento, ele parou de sentir dores em quatro dias, e em uma semana voltou a andar.
Esse método foi desenvolvido pelos pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp-USP) do Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
Os cientistas desenvolveram um método inédito da técnica de CART-Cell, criada nos Estados Unidos. A diferença é que lá fora esse procedimento pode chegar a custar 475 mil dólares. Já com a descoberta dos brasileiros, esse custo é bem menor e a expectativa é que seja oferecido através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Como funciona?
Esse procedimento é indicado para o tratamento de linfomas e leucemia linfoide aguda. Confira o passo a passo:
1) Os cientistas modificam o DNA de um vírus em laboratório;
2) As células de defesa do paciente são extraídas e infectadas com esse vírus;
3) Os materiais genéticos da célula e do vírus se fundem, ou seja, se misturam;
4) A célula de defesa produz a capacidade de identificar o tumor do câncer;
5) Os cientistas aumentam o número de células de defesa em laboratório;
6) Os médicos reduzem o sistema imunológico natural do paciente. O objetivo é permitir que as novas células tenham espaço para atuar;
7) As células de defesa modificadas são injetadas no corpo do paciente;
8) O sistema imunológico passa a reconhecer, combater e destruir o tumor maligno.
Os médicos ainda não falam de “cura”, mas afirmam que houve a regressão do câncer. O paciente será acompanhado pelos próximos cinco anos e após esse período será possível dizer com 100% de certeza que houve a “cura”.
“Não tem mais manifestação da doença, ele era cheio de nódulos linfáticos pelo corpo. Sumiram todos. Ele tinha uma dor intratável, dependia de morfina todo dia. É uma história com final muito feliz”, comentou Dimas Tadeu Covas, Coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC-Fapesp) e do Instituto Nacional de Células Tronco e Terapia Celular.
Fonte: Lélis Félix – “Câncer em Pauta“ – Com informações do G1 e do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto
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