Venda de íris no Brasil: Tendência tecnológica ou risco à privacidade?
A prática é parte do projeto World ID, liderado por Sam Altman, CEO da OpenAI, e visa criar um passaporte de humanidade
Nos últimos meses, filas em cidades como São Paulo vêm chamando atenção para um fenômeno inusitado: brasileiros vendendo imagens de suas íris em troca de uma recompensa financeira de R$ 700. A prática é parte do projeto World ID, liderado por Sam Altman, CEO da OpenAI, e visa criar um passaporte de humanidade capaz de diferenciar humanos de robôs no ambiente digital.
Como Funciona?
O processo utiliza um dispositivo chamado Orb, que escaneia a íris de cada participante e armazena os dados biométricos para garantir a singularidade e autenticidade digital. Em troca, as pessoas recebem recompensas em Worldcoin, uma criptomoeda que atualmente figura entre as 75 mais valiosas do mercado.
Desde seu lançamento no Brasil, o projeto já registrou mais de 100 mil usuários, consolidando o país como um dos líderes globais em adesão. Para muitos, especialmente pessoas de baixa renda, a promessa de dinheiro rápido é tentadora.
Benefícios e Polêmicas
Apesar de parecer uma inovação benéfica, o projeto tem gerado controvérsias. Especialistas em tecnologia e privacidade alertam para os riscos associados ao armazenamento de dados biométricos ultrassensíveis. A empresa responsável, Tools for Humanity, garante que o processo é seguro e os dados são protegidos, mas a desconfiança persiste.
Em países como Quênia e Espanha, as autoridades suspenderam ou proibiram iniciativas semelhantes, citando preocupações com o uso indevido das informações coletadas. No Brasil, o debate sobre regulamentação de tecnologias como esta ainda está engatinhando.
Por Que Isso Importa?
A prática levanta questões éticas sobre o impacto da tecnologia em populações economicamente vulneráveis. Para alguns, a possibilidade de "vender" sua íris representa uma oportunidade financeira acessível; para outros, é um alerta sobre a exploração de dados sensíveis em troca de valores relativamente baixos.
O Futuro do Projeto
Enquanto o World ID segue ganhando adesão no Brasil, cresce também a pressão por mais transparência e regulamentação. O episódio ressalta a necessidade de equilibrar avanços tecnológicos com a proteção de direitos individuais, especialmente em um cenário de crescente dependência digital.
Para quem participa, o dilema persiste: até que ponto vale a pena trocar a identidade física pela digital?
Por: Alex Souza
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